25 janeiro 2006

um café circunflexo...




Este café, onde nunca entrei, existe há largos anos na Rua da Fundição em Oeiras e tenho uma vaga ideia de que sempre esteve assim. Tenho também a ideia de já no passado ter reparado no pormenor. Mas esta é uma memória remota e vaga e é por isso que acho que está assim desde que abriu portas.

Fiz uma breve pesquisa na Internet, não fosse dar-se o caso de a palavra existir mesmo. Talvez pertença de um dialecto derivado ou não da Língua Portuguesa ou de algum país de expressão portuguesa. Nada encontrei, pelo menos até ver.

Aquela palavra está mesmo 'gralhada'!
E presumo que se trate da palavra TÂMARA. O acento circunflexo é que deve achar que 'no meio é que está a virtude' e decidiu, por sua auto-recreação, colocar-se sobre o A central...

post scriptum: Tive uma intuição súbita e decidi ir às "Páginas Amarelas - Linha de Cascais 2005/2006" ver se o café estava referenciado e como. Ele lá está na pág. 64 — A Tâmara Café Snack-Bar Charcutaria Lda.

clique nas fotos para ampliar.


fotos: © josé antónio, 2006

19 janeiro 2006

não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe...


Lembram-se da cadeira de café do último post? Este está aqui mesmo em baixo.
Pois é, alguém se encarregou de a descartar por cima do gradeamento para o outro lado do muro, o que deve ter causado um tremendo dum orgasmo ao indivíduo que o fez...


Agora nem serve para estabelecimento de restauração, talvez o poiso original, nem para passageiros necessitados de assento.

"São coisas do mundo, retalhos da vida..."


fotos: © josé antónio, 2006

18 janeiro 2006

o desabrigo...

Já por diversas vezes tenho chamado a atenção para a necessidade de um abrigo com banco na paragem da camioneta 471, na Rua Henrique de Paiva Couceiro, frente ao Largo do mesmo nome, junto à Estação de Oeiras.

Por dois motivos. Um, a habitual questão do clima. O local é batido ora pela chuva no Inverno, da qual as decrépitas árvores que estão no local não só não protegem mas ainda agravam mais, pingando consideravelmente sobre as pessoas, mesmo após parar de chover, ora batido pelo inclemente e tórrido sol de Verão.
O outro motivo também diz respeito ao tempo, mas ao cronológico. É que as camionetas, vá-se lá saber porquê, além de muito espaçadas para um transporte que se reclama de 'urbano', ora aparecem ora não, com atrasos e/ou supressão inexplicável de carreiras, quase diariamente, o que obriga frequentemente a longos períodos de espera, por vezes mais de 1 hora.

Analisando o local chega-se à conclusão contrária ao que uma observação apressada poderia fazer supor e que é a dificuldade em colocar no local um abrigo. Parece-me que com um pouco de bom-senso, compreensão e espírito prático, as coisas se resolveriam.
Por exemplo, acordando com a CP em recortar, recuando, um pouco o muro ficando o abrigo ligeiramente encaixado neste; removendo algumas árvores, decrépitas, para facilitar a circulação; alterando um pouco a configuração do passeio, sei lá! É para resolver tais problemas que as câmaras tem vereadores, doutores, engenheiros e técnicos, a quem não pagam nada mal (já que todos querem ir 'trabalhar' para elas...)

A verdade é que esta questão continua sem solução à vista.
E as pessoas - cidadãos, contribuintes, clientes, pagantes - tentam resolver o problema o melhor que podem. Quando não chove sentando-se num estreito ressalto saliente na base do muro. Se chove, claro que não se podem sentar ali e aguentam. Sejam novos, velhos, saudáveis, doentes ou deficientes...

Creio é que ontem alguém concluiu que não se conseguia sentar naquele ressalto tão estreito, baixo e desconfortável... ou talvez estivesse há muito tempo à espera da camioneta que nunca mais chegava e se fartou de estar em pé...
Pois ontem, quando cheguei ao local por volta das 13:57 foi assim que o encontrei:


Com um assento improvisado com uma cadeira de café!!

O pior é se a moda pega. Imagino o prejuízo que os estabelecimentos de restauração irão ter, com as pessoas - cidadãos, contribuintes, clientes, pagantes - a desviarem subrepticiamente as cadeiras para as paragens para poderem ter um pouco de conforto neste Concelho...

NÃO HÁ NINGUÉM QUE VEJA ISTO, PORRA !?


fotos: © josé antónio, 2006

07 janeiro 2006

lê o que 'tá lá escrito...


Quase todos os dias assisto a cenas que me deixam indignado, pelo que carregam de intolerância e falta de civismo e de espírito solidário entre pessoas humanas (que o deviam ser e que advogam sê-lo...) Isto para não lhe chamar, simplesmente, 'estupidez', que é uma palavra que detesto e que, em alternativa, substituo por irracionalidade e falta de amor ao próximo. E, porque não, falta de um bocadinho de amor-próprio?
E o que talvez ainda me incomoda mais é que na maioria dos casos, estes resultam de simples falta de bom senso de um, de outro ou de todos os intervenientes.


Vem isto a propósito de uma cena a que assisti ontem, por volta da hora de almoço, quando esperava uma camioneta para a estação de Oeiras na paragem junto ao Pingo Doce de Sassoeiros, a qual se situa ao lado dos semáforos no entroncamento da Av. da República com a Av. D. José I.

Quando cheguei à paragem cerca das 13:20 já lá estavam duas senhoras, sentadas no banco do abrigo. Eu fiquei de pé um pouco afastado, porque a camioneta ali, devido ao semáforo, pára sempre um pouco mais atrás. No entretanto chegou um outro senhor que ficou também de pé, ligeiramente recuado em relação a mim.

Passados seriam alguns minutos eis que surge uma camioneta, que encosta à berma, se imobiliza e abre a porta. Não me mexi pois, apesar das minhas limitações visuais, eu tinha conseguido ler a bandeira e percebido que era a camioneta destinada à Parede e que, assim sendo, não me servia.
Uma das senhoras levantou-se, avançou e entrou na camioneta.
A outra senhora, mais jovem, avançou também mas imobilizou-se à porta sem entrar e dirigiu-se ao motorista questionando-o sobre o destino da camioneta. Eu estava bastante perto e ouvi o diálogo.
A resposta do motorista, apontando para cima, foi e pasme-se: "LÊ O QUE 'TÁ LÁ ESCRITO!"...

Exactamente, isso mesmo. Assim. Como se estivesse a admoestar um miúdo calão e traquina. Aquele senhor motorista supõe certamente que toda a gente sabe ler, que o consegue fazer quando a camioneta se vem a aproximar, que a bandeira e o texto são bastante legíveis, que não existem pessoas com dificuldades visuais, ou até que possam estar distraídas, etc. etc. etc.
Aquele senhor motorista deu a resposta ERRADA...

Não faço a mais pequena ideia se aquela reacção e forma de tratamento do senhor motorista se deveu ao facto da senhora ser preta. Não o julgo, porque também ele, senhor motorista, o era. Também não me pareceu que fosse por se conhecerem. Ela não deu qualquer sinal nesse sentido e mostrou-se indignada. Seja como for, este caminho 'étnico' não conduz a nada, não vou por ele e repudio-o. Na verdade, e isto é que é importante, é que nada justifica que o senhor motorista tratasse uma passageira (uma CLIENTE...) daquela forma!!


Quero ainda deixar aqui expresso que utilizo os serviços da Stagecoach há cerca de 10 anos, quase diariamente. Assim, são muitos os motoristas que conheço, pelo menos de vista, mesmo não sabendo os seus nomes. Da maioria deles tenho a melhor impressão. São de um modo geral pessoas tolerantes, compreensivas e competentes. Este post não tem qualquer intenção de os agredir. Mas como diz o povo:
"No melhor pano cai a nódoa".


foto: © josé antónio, 2006