26 novembro 2005

iluminações natalícias...


Há vários dias que ela está ali e nunca a vi acesa a iluminar o local. A primeira coisa que me veio à cabeça quando a vi foi que alguém substituira uma lâmpada fluorescente ali por perto e não se dera ao trabalho de colocar a fundida no lixo, preferindo abandoná-la, perigosamente, a um canto. As coisas que eu imagino! Sou mesmo maquiavélico!

Mas entretanto comecei a raciocinar procurando fazê-lo com lógica, bom senso e sem preconceitos, afugentando do meu espírito qualquer eflúvio maldoso. E cheguei a uma dedução diferente. Deveras diferente.

Talvez em boa verdade se trate de uma nóvel, e económica, modalidade de iluminação natalícia que consista em espalhar ao acaso lâmpadas presumivelmente fundidas pelos passeios e ter a esperança, e sobretudo a fé, de que um milagre as acenda ao anoitecer, iluminando primorosa e maravilhosamente o nosso Concelho, enchendo o ar de doçura cálida e reconfortante.

Vou ficar à espera do anoitecer e ter muita, muita, muita fé para assistir a esse espectáculo maravilhoso que vai ser aquela lâmpada acender e iluminar a noite fria e aquecer os nossos depauperados corações. Já me parece ouvir ao longe o tilintar dos sinos e o drapejar das asas dos anjos! HOSSANA!

p.s.: valerá a pena falar de toxicidade e de civismo?

fotografia: © josé antónio 2005
local: estacionamento do Pingo Doce de Sassoeiros / escada de acesso à Torre Soleil.
data: 23 NOV 2005, 15:11

(clique na foto para ampliar)

02 novembro 2005

no comments...


01 Nov. 2005, 16:27, Alto da Barra.

21 outubro 2005

sta engrácia já era...

Quando foi lançada a 'mailing list' Olharapo, que esteve na origem deste blog do mesmo nome, na primeira mensagem enviada, na qual dava conta das intenções daquele projecto, uma das coisas referidas foi que o mesmo não tinha por objectivo falar mal, ser criticista, dizer mal de tudo e de todos "por dá cá aquela palha", ou seja, não era um espaço de maledicência contra o Concelho de Oeiras, a sua Câmara Municipal e os seus Munícipes. Princípios que este blog pretende conservar.
Referia-se que o objectivo era apontar os aspectos negativos que fossem sendo percebidos, de facto, mas fazer notar também os aspectos positivos, independentemente de querelas e quezílias político-partidárias.
Referia-se também que certamente e previsivelmente muitos mais seriam os aspectos negativos que os positivos a apontar... Infelizmente é o que a experiência mostra, aqui ou em qualquer outro lado. Assim foi. Esta questão é discutível, claro. Talvez a justificação esteja no facto de que as coisas 'más' dão muito mais nas vistas, fazem-se notar muito mais, que as coisas 'boas' (ou 'menos más').

Mas de quando em vez lá aparece alguma coisa menos má a merecer destaque. É o que se passa agora aqui.
Após as dezenas de e-mails da mailing list e dos diversos posts neste blog, todos a referirem situações criticáveis pela negativa (e outras há aqui, ainda em stand-by por não ter existido por enquanto oportunidade de falar nelas), lá aparece uma coisa positiva a merecer ser referida.



Como é possível perceber pelas fotografias que tirei hoje 'in loco' pelas 13:54, os buracos no passeio do Largo Henrique de Paiva Couceiro, junto à Estação da CP de Oeiras, que em devido tempo apelidei de 'Buracos de Sta. Engrácia', um dos quais estava aberto pelo menos desde 13 JUL 2005, estão FINALMENTE devidamente tapados e calcetados!
É de lamentar sobretudo o tempo gasto para que tal acontecesse. Mas, enfim, já se pode circular mais facilmente ao longo daquele passeio sem ser necessário tirar uma especialização em desportos radicais e sem medo de dar um trambolhão, de consequências sempre imprevisíveis.


"Fallor ergo sum" Agostinho

08 outubro 2005

til




Nem sei bem o que hei-de dizer a este respeito.
Quando recebo aqueles e-mails com fotografias que têm por título, geralmente, "Portugal no seu melhor..." e vejo aqueles barbarismos que fazem com a língua portuguesa, do tipo "á tramoço e minuins", por um lado sinto vontade de rir, mas ao mesmo tempo um torno aperta-me o peito, porque sei que tais coisas acontecem porque muito do povo português continua sem ter uma educação mínima decente e que a estória de que já quase não existe analfabetismo em Portugal, é na verdade um mito (para não lhe chamar uma descarada mentira.)
Agora quando o erro passa debaixo dos olhos de pessoas 'supostamente' responsáveis e ninguém repara, as coisas chocam-me muito mais.
É o que se passa com o caso que aqui trago.

Na Rotunda do Marquês (MarquÊs) existem três placas toponímicas. Por acaso acho-as mal dispostas no círculo, pois estão colocadas/concentradas numa metade do mesmo. Assim, quem acede à mesma por determinadas vias não tem logo a identificação da mesma, a menos que a contorne quase por completo ou mesmo completamente. Mas este agora não é o caso. O caso é que das três placas, em azulejo, no modelo que vemos habitualmente, em duas delas a palavra Marquês aparece com TIL onde devia estar um acento CIRCUNFLEXO!
Ainda posso admitir que o operário da fábrica não conheça a acentuação correcta. Agora, não há ninguém para ver se o trabalho está a ser bem feito? E os responsáveis da Câmara, não vêem?
Já agora, aquilo até pode ser emendado à mão. Basta pegar nuns frasquinhos de tinta para vidro e num pincel e retocar por cima. Sempre disfarçava a asneirada...

n.b.: clique nas fotos para as ver ampliadas.

fotos: © josé antónio 2005

05 outubro 2005

buracos de sta. engrácia



Aqui vai o ponto da situação:
Os buracos de sta. engrácia, no Lg. Henrique de Paiva Couceiro, foram tapados e a pedra já apareceu.
É o que mostram as fotografias que tirei em 04 OUT pelas 13:40,
Como hoje é feriado (VIVA A REPÚBLICA!!!), não se pode exigir que alguém trabalhe, a não ser que se trate de um marmanjo monárquico.
Assim, e até ao dia de ir botar o voto na urna, sobram 2 dias para a brigada calceteira fazer o seu trabalho. Quinta e sexta, porque o sábado também não é dia para andar a calcetar (a menos que se dê a este termo uma conotação sexual...)
Enfim, a pedra está lá, o tempo é curto, e duvido que antes de domingo o passeio esteja reparado. Pois!

fotos: © josé antónio 2005

30 setembro 2005

acelerando o passo




Pois... ora pois!

Estamos em campanha eleitoral autárquica e há que acelerar o passo.
Deve ser por isso que os buracos de sta. engrácia, localizados no passeio do Lg. Henrique de Paiva Couceiro, junto à movimentada Estação de Oeiras da C.P., os quais referi por diversas vezes, finalmente foram tapados. ALELUIA!
Por enquanto apenas com terra. Agora há que aguardar a disponibilidade da brigada calceteira para reconstruir a calçada como manda a sapatilha. Sim, a pedra é cara e não se arranja facilmente. Que o diga quem dela depende, pois.
Ou talvez estejam a pensar deixar passar as eleições, para depois voltarem a abrir os buracos... O que será muito mais simples se ainda não estiverem calcetados, pois.

Aqui ficam as imagens colhidas hoje pelas 13:54.

28 setembro 2005

trouxe-mouxe...

...que é como quem diz: várias foram as situações que o olharapo topou nos últimos dias, mas que na falta de tempo para tratar individualmente e atempadamente, opta agora por colocar aqui todas à molhada. Alguns casos sobrelevaram e já se resolveram, mais ou menos, outros mais recentes estão em aberto (literalmente).
Na impossibilidade de tecer grandes comentários, faço apenas uma referência simples ao que cada imagem representa. Estas falam por si.


08 SET - Estava um carrinho de compras do Pingo Doce vazio e abandonado no abrigo da paragem da 471 no Alto da Barra. O pormenor curioso é que na ranhura de inserção da moeda tinha uma daquelas peças de plástico habitualmente usadas pelos empregados dos supermercados...


14 SET - No entroncamento da R. da Madeira com a Av. Infante D. Henrique, na Medrosa, num local em que se pode virar tanto à esquerda como à direita, apareceu este curioso e divertido sinal de sentido obrigatório a apontar... para a saída da rua! Talvez para os condutores não terem a tentação de sair por cima dos passeios ou do relvado adjacente...


15 SET - Às 00:15 a LisboaGás estava junto ao Pingo Doce de Sassoeiros a trocar bilhas de gás. E não se trata de bilhinhas de campismo, mas daquelas grandes que para serem descidas das camionetas, o são deixando-as cair com a base no chão com grande estrondo. Aqui mora gente e deste lado são os quartos de dormir, porra!
Se é a priori questionável a localização do reservatório das bilhas, será legítimo fazer este trabalho a esta hora da noite quando as pessoas estão a dormir (ou a tentar...)?


16 SET - Esta fralda ou cueca-fralda de criança ou lá o que seja esteve mais de uma semana entalada num corrimão junto ao Pingo Doce de Sassoeiros. Há papeleiras e contentores de lixo por perto... para aquelas a quem o bom-senso não explica que estas coisas guardam-se e levam-se para casa, onde se deitam fora.


27 SET - Junto à Estação de Oeiras, já não bastava o famigerado buraco de sta. engrácia que já referi aqui. Agora abriram mais um. Será que há ouro, diamantes ou petróleo no subsolo de Oeiras e alguém anda a fazer prospecções à socapa...?

Alea jacta est

21 setembro 2005

buraco de sta. engrácia



Para abrir este nóvel espaço que agora inauguro e que é a concretização da transformação da minha mailing list "o Olharapo de Oeiras" num formato mais interessante aos subscritores e acessível também ao grande público e que tem ainda a particularidade de permitr aos visitantes que deixem os seus comentários sobre as matérias expostas, coisa que o convido desde já a fazer, trago um caso que me deixa intrigado (ou talvez não...):

Um buraco, a que chamo 'BURACO DE STA. ENGRÁCIA'.
O dito cujo existe no passeio da Rua Henrique de Paiva Couceiro, junto à Estação de Oeiras, ao lado do parqueamento para transportes públicos ali existente. Este passeio fica do lado da linha de caminho de ferro mesmo em frente à estação de serviço da Galp.

A Foto 1 foi tirada no dia 13 JULHO, às 13:44 e a Foto 2 no dia 08 SETEMBRO, às 13:21. A primeira mostra o buraco pela altura em que foi aberto e a segunda mostra o estado actual do mesmo.
Apanho naquele local a camioneta quase todos os dias e só me lembro de ver alguém a trabalhar ali na altura em que abriram o buraco. No início de JULHO portanto. Nunca mais lá vi ninguém.
Entretanto o tempo, o vento, a intempérie, encarregaram-se de degradar a situação. As barras de protecção, que existem para alertar os peões, não é raro estarem caídas no chão, o monte de terra removida e acumulada na beira do buraco tem lentamente escorregado na direcção do lancil, o buraco tem-se transformado num vazadouro de lixo, por aí fora.

Faço notar que o passeio, ali, tem a largura mínima habitual. Ou seja, se com uma ou outra camioneta estacionada, e as árvores, já era difícil passar, com o buraco é uma aventura cheia de contorcionismo. Perigoso.

Estarão à espera que algum idoso, uma criança ou alguém deficiente (cego, p.ex.) caia no buraco e se magoe para fazerem alguma coisa? E se acontecer, quem é que paga?

Uma análise atenta do local leva, com uma forte segurança, a imaginar potenciais riscos e dramas. Por exemplo, se alguém escorregar no monte de terra e cair no chão corre o risco de ficar com as pernas fora do passeio, logo, no parqueamento; se por uma daquelas coincidências (existem, acontecem diariamente) estiver uma camioneta a estacionar, o movimento destas é muito intenso, talvez 1/min., não é improvável a pessoa ficar com os pés esmagados pelo pesado.

Pode parecer que estou a dramatiza demasiado, mas... concordo com o dizer «Não acredito em bruxas, mas que as há, há...» Por isso acho que vou ficar de olho no buraco, pelo menos para ver se não sou eu quem lá cai!!

12 setembro 2005

o gato de Zaratustra



Zaratustra tinha um gato.
Admirados!? Compreende-se, este facto numa foi tornado público e o próprio Nietzsche desconhecia-o em absoluto. Mas esta é a mais pura das verdades!
De onde tinha surgido o bichano? Bom, do sítio de onde vêm todos os gatos, da barriga da mãe gata através do orifício natural do corpo, né? Bom, o melhor é contar a estória desde o seu início.
Zaratustra subiu à montanha, onde passou longos anos a julgar pelo aspecto sujo, fedorento e andrajoso com que se apresentou quando dela regressou para trazer a boa nova, que transportava bem acondicionada dentro dum saco plástico para a proteger da chuva, no interior do seu alforge Louis Vuitton que uma águia lhe oferecera num momento de fraqueza. Sim, acontece a todas as águias. Sempre surge um dia na vida em que alguma sente a necessidade de abrir as garras e libertar-se de algo que a prende à luxúria.
Que quando subiu à montanha ia sozinho, não se fez acompanhar por ser nenhum, vivo, semi-vivo ou morto, sabemos com um rigor, podemos dizê-lo, matemático. Que quando voltou vinha acompanhado dum magnífico felídeo negro, sei-o eu e com uma profundíssima certeza.
Onde o arranjou? Tê-lo-á sido na montanha, per supuesto. À ida ou à vinda? Isso é um mistério. Foi ele que o chamou, ou o bicho aproximou-se de sua livre vontade? Mais um mistério. Queria, desejava Zaratustra, a companhia do animal para aplacar a sua solidão? Outro mistério ainda. Muitas questões ficam por resolver porque Zaratustra ele próprio manteve sempre o silêncio sobre o assunto e mudava de conversa quando o mesmo era abordado pelos curiosos que acorriam a ouvi-lo pregar, por vezes ficando mesmo irritadiço e começando a citar Nietzsche aos berros e a praguejar contra os homens de rebanho como um possesso.
A sua irritação foi tão grande um dia, que entrou no bordel da Ciete e pediu, exigiu, ser servido por uma puta, mas que tivesse bigode e estivesse cheia de sífilis, tal a sua admiração pelo poeta! Isto sempre com o gato atrás de si, que mirava curioso aqueles corpos debochados, rotos, e surrados, miava baixinho, parava, lambia as patas, içava a cauda e miava de novo. A bronca foi tão grande que chamaram a gnr e Zaratustra acabou, com o gato, a noite nos calabouços, sob a acusação de ser um intelectual anarco-sindicalista pré-existencialista pseudo-racionalista de tendências idealistas! Acontece que o sargento que o interrogara era gay...
Seja como for, a verdade é que o gato era muito afeiçoado a Zaratustra, amor em que era correspondido. Não era raro ver Zaratustra a vasculhar as prateleiras do Minipreço de Xabregas à procura de latas de ração para gatos. Das mais baratas, que a vida de profeta não é fácil. Que se saiba nunca nenhum enriqueceu a pregar verdades. O caminho da riqueza é o caminho da mentira, que o digam certos políticos... pois.
Ora o gato de Zaratustra tinha um hábito curioso. Deveras curioso, porque hábitos destes são mais vulgares nos cães, nos papagaios e nos carneiros, que nos felídeos. Gostava de rabiscar. É, ninguém sabia onde e como aprendera, mas era frequente vê-lo muito concentrado de esferográfica bic na pata e papel na frente a rabiscar durante tardes inteiras, com o sempre jack daniels no sempre copo ao seu lado, no sempre snack do barrio. Gatafunhos, diziam as más línguas. "Boas línguas, o que será isso?", pensava o gato, lembrando a rósea e doce língua duma gata que conhecera em tempos e que não via há uma eternidade. E gatafunhava, gatafunhava, furiosamente, enchendo o papel com estranhos hieróglifos duma língua que só ele conhecia.
Até um dia. HOJE. Um dia em que lhe foi dada a oportunidade de gatafunhar para quem conseguir subir até aos píncaros da sabedoria. Como o Gilgamesh, que quando perguntava "Onde está o homem capaz de subir até ao céu?" sabia do que falava. Oh, oh...

É isso que vai acontecer a partir deste momento neste espaço da blogosfera. Os gatafunhos do gato de Zaratustra aqui estarão. Com um objectivo que não precisarei de salientar ou explicar. As palavras dele gato falam por si.
Leia, na horizontal, na vertical, na diagonal, deitado, em pé, de cócoras, como lhe der mais jeito; babe-se; cuspa-se; lacrimeje; chore baba e ranho; sorria; ria; rebente-se às gargalhadas; faça manguitos; tire burriés do nariz; dê bufas; arrote; comente.
Mas... não fique indiferente, porque:

"NÃO É A DÚVIDA, MAS A CERTEZA QUE ENLOUQUECE" (Nietzsche)